Um ordenamento correto
Ia começar a ler um livro que comprei recentemente e deparei, logo na página de "dedicatória" que alguns autores antepôem ao seu texto, algo que me chamou a atenção.
Escreve o autor ( o volume é uma tradução do inglês ) que este seu livro é a transcrição de conversas que teve com familiares. E começa :
«A minha irmã, o meu irmão e eu desfrutámos de conversas...« eTC.
É raro, mesmo bastante raro, que um português, falando de si e de outros comece - como este - pelos outros !
O que lemos e ouvimos habitualmente é - ao contrário deste, e por exemplo - :
«Eu, a minha irmã e o meu irmã desfrutámos...» etc.
Primeiro, "Eu..."
Auto-centrismo ? Ego-centrismo ?
Não julgo que as pessoas o façam num mau sentido, ou por má educação.
É antes um impulso natural. É o EU que se apresenta como protagonista, como responsável daquilo que se relata.
É o Eu que diz de si próprio como secundarizando-se : "Para além de "eu"... estavam "outros", fulano, fulano e fulano... Quase que poderíamos ver nisso uma certa "humildade"...
Pode até ser, inconscientemente, como uma garantia de que é verdade o que se narra : "Eu, sou testemunha. E mais fulano, fulano", etc...
Estou refletindo, e procurando justificações.
Contudo, se eu penso na vida começando "pelos outros", o sujeito narrativo deixa de ser "eu".
Se eu perspetivo a vida vendo primeiro "os outros", o meu "estar aqui", torna-se socialmente saudável.
A não ser... a não ser que seja a confissão de uma maldade !
Ah, então aí sim, «Eu...!»
Lembro a conhecida passagem do Evangelho :
A resposta de Jesus Cristo ao jovem rico, poderia ser sintetizada assim :
"Uma coisa te falta : Pensa nos outros... !"
Mas não posso deixar de citar todo o texto deste momento da vida de Cristo ( Lucas 18 : 22 )
«Uma coisa te falta :
Vende tudo o que tens.
Dá-o aos pobres.
E terás um tesouro nos Céus.
Depois, vem
e segue-me.»
Os Outros... e Eu !
Uma Ética - uma Mundovisão - que revolucionou Civilizações, Impérios.
Um SER, e um ESTAR, possível só com Cristo.
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