quinta-feira, 28 de julho de 2011

Obediência. Reflexões.

Fui criado e cresci numa época de obediência.

Para já, sob a ditadura e no contexto cultural e educativo decorrente.

Depois porque obediência era um Valor com prestígio.

Mas não gosto do termo. Melhor, tenho sobre isso um conceito que me parece mais rico.

Os fundamentos daquilo que se entende por Educação reformularam-se, foram desconstruídos, repensados. Muita coisa se passou.

Culturalmente, obediência hoje traz por arrasto a ideia de submissão. E o islamismo tem certamente um papel na relutânca que se sente, no Ocidente onde vivemos, perante o conceito.

Quem me ler pensará : outro que vai na onde do individualismo da auto-estima, da valorização do ego ! ( Muitas vezes apenas impulsiva e sem construção mental ).

Mas não. Não vou nessa onda.

Entendo que perante Normas, existenciais, face ao que Deus nos revela e nos comunica na Bíblia, perante as Leis que regem - que têm de reger - a vida em comum de todos nós, há mais do que obediência que é a mera submissão, que é a aceitação conformada do que nos é imposto.

Há mais, portanto. Há a integração, há o assumir, há a apropriação de algo sem o qual ( "isso" que me é superior e que tem autoridade sobre mim ) eu NÃO SOU, deixo de ser EU, fico sem rumo, sou um destroço, um resto.

A queestão não é o obedecer. É o assumir, o integrar, o apropriar-me daquilo que me realiza como ser humano : leis sociais, respeito a que sou obrigado, e mesmo solideriedade, para com O OUTRO, veneração e compromisso perante Deus e as suas Normas.

Então já não há mesmo obediência em estrutura nenhuma ? - perguntar-me-ão.

Há. Mas é aí que atua a verdadeira Educação. Levar a que a obediência se transforme progressivamente na aceitação integrada e assumida, inteligente e refletida, e até procurada, daquilo a que sou obrigado.

Note-se que em Família há ainda mais : amamo-nos : Marido / Mulher; Pais / Filhos; Irmãos. E o Amor não tem que ver com obediência, neste caso, nomeadamente, de filhos para com os pais, de irmãos mais novos perante os mais velhos, etc. Tem a ver com partilha e Vida em comum.

E com Deus é o mesmo. Mas em grau excelente !...

sábado, 23 de julho de 2011

Nostalgia totpográfica

Tempo de verão.

Viagens. Arejamento higiénico da mente. Estar, simplesmente, noutro lado !

Os que podem beneficiar deste privilégio por vezes nem o valorizam assim tanto.

Guardo a nostalgia dos sítios por onde passámos e onde estivemos, a Henriette e eu.

Não forçosamente os mais turísticos ou os mais frequentados.

São recantos em que o encanto é feito da confluência de coisas por vezes miúdas. Mas que não esqueço :

Cenários, uns magníficos outros nem tanto, recantos banais; momento de satisfação, gozo de achar soluções que custou a encontrar; o exótico inesperado, um enquadramento que acaba por ser igual ao nosso, autóctone, vistas bem as coisas; uma situação inesperada que não se repetirá mais; rostos, comportamentos; certa luz, certas sombras; riscos, perigos, que não esqueceremos, contrariedades, coincidências. A vida !

Pessoalmente acho um encanto enorme em rever um local por onde passei antes só uma, ou duas vezes. Ao revisitá-lo tornas-se mais nosso. Cria-se familiaridade com esse espaço. Mesmo que seja - e sobretudo quando é - vulgar.

O velho apelo romano «Carpe diem» de um poema de Horácio, tem razão de ser. A questão está no sentido que lhe é dado.

E essa tal nostalgia nos vai marcando o tempo que ainda é.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Sionismo

Palavra infetada de perversão, hoje. Grito de raiva dos que odeiam Israel e os judeus, sem outras razões profundas que a de os judeus serem o que são, judeus !

E até estes são levados a usá-la com cuidados de precisão.

Eu sou sionista.

Na minha Família sempre ouvi dizer, com certo orgulho saudável, que tínhamos raízes semitas. Mas não é por essa razão.

Vou esclarecer.

Respeito o sionismo histórico, e ainda ativo, dos judeus que reclamam a Terra, e a Cidade de Jerusalém, que Deus prometeu e deu aos seus Pais.

«Os Dons e as Promessas de Deus são irrevogáveis», diz-nos a Bíblia ( Carta de São Paulo aos Romanos, 11 : 20 )

Mas eu sou sionista cristão. Alguns chamam também a este Sionismo "Evangélico" ou "Bíblico".

Quer dizer que creio convictamente que a referida Terra, a antiga Canaã, virá a ser - a seu tempo, no Tempo de Deus - a Terra do Povo de Israel, o Povo de Deus.

Mais : que essa mesma Terra, melhor : Jerusalém, será onde o Messias, Jesus Cristo, na sua Segunda Vinda, estabelecerá a Sede do seu Reino.

Por isso amamos a Terra de Israel.

Posso ter dúvidas quanto à bondade de certas atuações políticas dos governantes do Estado de Israel; alguns dos quais até são ateus ou pelo menos agnósticos...

Mas o Povo de Israel, mas a Terra - a «Eretze» - de Israel, essa temo-la no coração, nós os filhos de Deus, os cristãos evangélicos.

Consideramos, a Henriette e eu, um privilégio termos visitado essa Terra onde nasceu, viveu, expressou a sua divina Palavra, morreu na Cruz por nós, desprezado, vilipendiado, onde Resuscitou, donde subiu ao Céu o Senhor Jesus Cristo, o Messias, o meu Salvador.

Querendo Deus voltaremos lá.

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domingo, 17 de julho de 2011

Hino

Desde sempre que este Hino cuja letra vou reproduzir, do hinário «Salmos e HINOS»,

agora esgotado e sem perspetivas de redição, claro, e infelizmente, atendendo à nova corrente de letras e músicas nas igrejas,

desde sempre, dizia eu, me toca o coração, e o toco e canto em casa com prazer espiritual e em louvor a Deus.


É um feliz encontro entre a letra e a suave e bonita melodia que a suporta.


Aliás é um daqueles Hinos, ou Cânticos, que não são muito adequados ao louvor pela Congregação. São, no meu entender, mais apropriados à devoção pessoal, isolada.


É o nº 506 e a letra é do Rev. Robert H. Moreton ( meu padrinho de nascimento... ) :


Ai, que tempo vergonhoso

quando, altivo, resisti,

ao meu Salvador bondoso

respondendo desdenhoso

"Tudo EU. Nada de TI !"


Mas o seu Amor vencia

quando sobre a Cruz o vi,

e Jesus por mim pedia.

Já meu coração dizia

"Quero o EU, e quero a TI !"


Com ternura me amparava.

Graça e força recebi.

Mais e mais eu exaltava,

e humilde segredava

"Menos do EU, e mais de TI !"


Por tão grande Amor vencido

tudo ao meu Senhor cedi.

Ao meu Salvador unido

este agora é o meu pedido :

"Nada do EU. Tudo de TI !"



sexta-feira, 15 de julho de 2011

Poligamia uma porta apenas à espera de ser empurrada...

Num recente artigo no New York Times alguém, a propósito do que se pretende chamar de casamento entre homossexuais, faz referência ao que qualifica de "pretensões irrealistas".


O articulista esclarece que se trata do que considera a "obsessão da monogamia", ou seja a "estrita fidelidade no casamento" !


Ainda que se lhe reconheçam vertentes positivas, "a monogamia leva - vai dizendo muita gente - ao aborrecimento, ao desespero, à carência de variedade, à morte sexual"... "A fidelidade - querem eles - destrói mais Famílias do que as protege". "É preciso uma ética mais flexível..." !!


Como já disse neste meu Blog, a Sociedade Ocidental está forçando a porta da poligamia. Ou seja, está-se como a empurrar com a ponta do pé uma porta mal fechada !


«Por terem desprezado o conhecimento de Deus, o próprio Deus os deixa livres para se entregarem a disposições mentais reprováveis..." Diz o Senhor nosso Deus através de São Paulo aos Romanos ( 1 : 28 )


quarta-feira, 13 de julho de 2011

Fé e Racionalidade

Chegou à nossa caixa de correio eltrónica um texto em inglês de um Grupo Evangélico de Apologética, e que li com muito agrado.


Vou assinalá-lo aqui.


«Is Christianity Logical ?» Sob este título o autor, Dave Miller, um filósofo evangélico, defende e demonstra o facto que todos nós constatamos ao ler a Bíblia, que Jesus, os Profetas e todos os escritores bíblicos, inspirados pelo Espírito de Deus, foram meticulosos no respeito pela Lei da Racionalidade.


Mas o Artigo do Dr. Dave Miller sublinha também outra ideia paralela, que eu desenvolvo um pouco a seguir.


É que essa ênfase, bíblica, na lógica e nas evidências contrasta com certa religiosidade prevalecente no Cristianismo. Hoje, como sempre...


Muita gente se queda por um simples "crer". E aceita Cristo sem muita, ou sem nenhuma reflexão sobre as evidências e as justificações racionais.


E até aceita que "Fé e provas racionais" podem opor-se; e que essa suposta oposição requer Fé.


Não é assim.


Crer é um ato de Fé, sim. Mas é também uma operação mental.


Crer sem evidências racionais não é o que Deus pede. Não é a expressão normal da nossa relação com Deus e da Vida de Deus em nós.


Nem a Bíblia é um Livro de mística e de êxtases. É uma revelação de Deus, daquele Deus que criou o Ser humano racional, à sua Imagem.


Por isso o cristão crê, confia em Deus, apropria-se dos seus Mandamentos, com emoção, com o coração, mas deve fazê-lo com inteligência, com pesquiza, com estudo. E com memória.


E mais : os crentes, os cristãos - sobretudo na corrente dos evangélicos que se identificam e afirmam pelo seu amor às Escrituras, pela sua Fé fundamentada na Bíblia - os filhos de Deus, dizia, devem, nos tempos de hoje, procurar desenvolver uma vida espiritual que ganha consistência na reflexão com racionalidade, suportada pela lógica da Verdade divina.


A Fé do cristão não é algo que se cultive com cegueira espiritual, com uma espécie de confiança sem reflexão nas coisas de Deus, feita com o coração e com emoções.


A Bíblia diz que o grande mandamento de Deus é «Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu entendimento e vontade».


Só isso já diz tudo.


sábado, 2 de julho de 2011

O dialeto de Canaã

Qualquer área do conhecimento tem a sua linguagem específica que permite definir conceitos e dados que lhe são próprios, e a partir dos quais os seus técnicos e especialistas constroem raciocínios, deduções, induções e todo o pensamento que lhe serve de arquitetura.

Até no futebol isso se passa... Embora com as devidas distâncias.

E o mesmo acontece com a linguagem religiosa, nomeadamente com o falar evangélico que muitos chamam carinhosamente o "dialeto de Canaã".

Termos como pecado, arrependimento, salvação, regeneração, santificação, louvor, o nome de Deus, etc, etc, não pertencem ao domínio lexical comum e não são familiares a quem é estranho à Fé bíblica evangélica.

O certo é que esse falar de Canaã é dificilmente metonimizado, isto é, substituido por linguagem corrente.

Até o parafraseamento é arriscado.

Traduções bíblica que pretendem verter a Palavra de Deus em "falar quotidiano", "de Hoje", ou o fazem com a máxima cautela ou vulgarizam, e fazem perder dignidade ao Texto, desvirtuando-o e por vezes falsificando-o porque usam de termos que acabam por nunca espelhar adequadamente e completamente o sentido divino. Mesmo com paráfrases e perífrases.

Procurei, posso afirmá-lo, em «O Livro», fazer, em cada frase - e sob o controlo de quem ia acompanhando o trabalho - esse quilíbrio difícil entre o sagrado e o corrente.

Há versões francesas como a "Semeur 2000" que também têm essa qualidade.

E mais uma vez afirmo que não é o conhecimento académico apurado das línguas originais por parte dos tradutores que dá qualidade ao Texto bíblico.

É o conhecimento íntimo desse Texto, a familiaridade exegética e hermenêutica com que é manipulado ao vertê-lo.

E quanto à Pregação do Evangelho não é possível fazê-la como se se falasse em casa com a família ou com os amigos no café.

Ou se dizem as coisas como são com a roupagem lexical que lhe pertence ou se fica aquém do que se pretende espiritualmente.

Então, e quem ouve ?

Se quem ouve sabe - e quer - ouvir, sem "endurecer o coração" , chega lá sem esforço.

São milhões que ouviram e creram. Sem qualquer problema cognitivo.

Para além disso essa línguagem torna-se uma dinâmica integradora que identifica universalmente a família espiritual em qualquer ponto do mundo. E isso tem um valor incalculável.