Os equívocos de Saramago

    "A única verdadeira rebelião é a criatividade    -  a rebelião contra o nada, o antiniilismo.  

   Lucifer é o padroeiro dos peseudo-rebeldes".  

Ortega e Gasset.  

    Citado por Jesus Herrero em "Os Fantasmas e os Equívocos de José Saramago".  Planeta Editora, 2010

 Nota :  Penso poder continuar a refletir sobre estes "Equívocos ... " do Saramago, e sobre este pequeno trabalho do Padre espanhol Jesus Herrero.

 

A Menina da Rádio

    Faleceu com 89 anos, em 24 de agosto deste ano, 2016.

    A canção que ela interpretou,  com a sua vozinha de adolescente,  no filme de Artur Duarte,  "A Menina da Rádio",  um filme de 1944,  ficou como amostra de um romantismo de bons costumes do Portugal dessa altura : pobre, conformado, e quase feliz... Longe da dramática  2ª Guerra Mundial que, nessa altura já dava indicações de vir a vencer o nazismo.
    Portugal era como um refúgio dos fugitivos da Guerra;  sobretudo judeus.  Mas para passarem para os EE.UU. depois.

    Meus Pais foram ver esse filme;  julgo que ao antigo Cinema Promotora, em Alcântara.  Levaram-me.  Um pouco contrafeitos ...  Porque os crentes, então, não iam ao cinema.  Mas os relatos do filme deixavam os evangélicos descansados.   Era sóbrio, discreto,  agradável, com bonitos momentos de graça e de ternura.
    A Henriette ainda estava em Marrocos e passando também por momentos de tensão dessa Guerra horrenda.

    O certo é qe marcou,  com a canção da Maria Eugénia, letra de Silva Tavares e música de António Melo, uma época,  um tempo, em Portugal,  que iria passar rápido, nos anos 50,  com uma Música nova,  uma Arte em busca de si própria,  um modo de vida à procura de se definir,  após os horrores da Guerra e que culminou com a assinalável Década de Sessenta !
    Eram os tempos modernos que cedo se tornariam, lá para os anos 80 no "pós-moderno"  reconstrutor, iconoclasta dos grande Valores.

    É com saudade que ainda nos lembramos da "Menina da Rádio"


 


 

A Ponte

«Nós sabemos

que já passámos

da Morte para a Vida ... !»

1ª Carta de João 3 : 14.

 «Eu sou

a ressurreição e a Vida.

Quem crê em Mim,

ainda que morra,

viverá !»

João 11 : 25

À SOMBRA das Tuas Asas...

    «Esconde-me à SOMBRA das tua asas». 
Sal 17  : 8.  E : 36 : 7;  57 : 1.


    «À SOMBRA  das tuas asas canto jubiloso». 
Sal 63 : 7


    «O que habita no esconderijo do Altíssimo, à SOMBRA do Omnipotente descansará» 
Sal 91 : 1


    «Haverá um pavilhão para SOMBRA contra o calor do dia, e para refúgio e esconderijo contra a tempestade, e contra a chuva.» 
Isaías 4 : 6.  E : 25 : 4.
    «Tu abaterás o ímpeto dos estranhos como se abranda o calor pela SOMBRA da espessa nuvem.  Assim o hino triunfal dos tiranos será aniquilado.»  
Isaías 25 : 5


    «A cada um servirá de esconderijo contra o vento,  de refúgio contra a tempestade ... e de SOMBRA de grande rocha em terra sedenta.» 
Isaías 32 : 2


     «Fez a minha boca como uma espada aguda;  na SOMBRA da sua Mão me escondeu.»  
Isaías 49 : 2.
     «Ponho as minhas Palavras na tua boca e te protejo com a SOMBRA da minha Mão.»  
Isaías 51 : 16.


    «Debaixo da sua SOMBRA viveremos entre as Nações.»  
Lam 4 : 20.

O que vejo ...

    De manhã, levanto as persianas do escritório
                        e vejo o esplendor do firmamento e do sol nascente.
    Vejo o banal do casario ( sempre diferente, em cada dia ... ), 
                      do gato deambulando pelos muros,
                      dos pombos inquietos esvoçando em todas as direções,
                      poisando onde há um sítio.

    E lembro-me :

«O Senhor dos Exércitos

garantiu dizendo,

"Como pensei, assim sucederá.

Como determinei assim se efetuará."

( ... ) Este é o propósito

respeitante a toda a Terra;

esta é a Mão estendida

sobre todas as Nações.

Porque o Senhor dos Exércitos

o determinou.

Quem pois o invalidará ?

A sua Mão está estendida.

Quem pois a fará voltar atrás ?»

Isaías 14 : 24 a 27.

O Cristão e o Tempo

    É o Cristão quem tem mais completa a noção tríptica do Tempo  :  Passado,  Presente,  e Futuro.

    O descrente,  sobretudo na atualidade,  vive o Presente.    E não tem ( falando genericamente ) um Futuro como Projeto.  Muito menos um Futuro Escatológico,  a uma escala de grande dimensão,  à sua frente.
    Vive procurando construir um amanhã de certa forma imediato,  pois nunca sabe o que pode deparar-se-lhe na vida.
    Vive o dia-a-dia procurando viver melhor amanhã,  criar os filhos,  se os tiver,  acabar os seus dias tranquilo.  E se possível com dinheiro para gastar, ou deixar a outros.
    Família ?   O que for possível ...
    O Passado  ?  São lembranças.  e por vezes alguma nostalgia.  Corrigem-se os erros.  Emenda-se, o que se puder.  E é tudo.
    Daí o egocentrismo da sua existência.
    Na Política  -  nos Parlamentos  -  já não se discutem Projetos de uma Sociedade vindoura, mesmo se utópica.    Luta-se pelas melhores condições possíveis Agora.
    E é a luta no tempo de Hoje.
    O amanhã ?   Não há tempo nem paciência para sonhos.

    E o Cristão ?
    Esse,  está nos antípodas disso.
    O tempo de Hoje,  para o crente,  não tem validade que se estenda.  É apenas um momento.
    O Agora,  tem sempre presente um Passado que o forma.
    O Agora só tem sentido, aiás, com um Futuro de grandes perfis diante de nós, e que vai surgindo a cada passo no Presente.
    Mas para o Crente,  o filho de Deus,  é um Futuro com significado,  com o conteúdo de um Mundo livre,  de uma Vida Nova, que também moldam e configuram o Presente.
    O Cristão é,  por definição,  um Ser de Amanhã !"
    Vive Hoje, pelo que Cristo lhe fez no Passado.
     Mas vive Hoje  à sombra da garantia de um Futuro num Mundo Novo,  numa Vida Nova em Deus.

    O Cristão,  é um Ser do Futuro !

 

«Ele morreu por todos

para que os que vivem,

vivam não mais para si mesmos,

mas para Aquele que por eles

morreu e ressuscitou !»

2ª Carta de São Paulo aos Coríntios, 5 : 15

« ... Mas todos seremos transformados,

num momento,

num abrir e fechar de olhos,

ao ressoar da última trombeta.

A trombeta soará, 

os mortos reuscitarão incorruptíveis,

e nós seremos transformados ( ... )»

1ª carta de São Paulo aos Coríntios 15 : 51, 52.

« ... no qual temos a Redenção

pelo eu sangue,

a Remição dos pecados,

segundo a riqueza da sua Graça

que Deus derramou abundantemente

sobre nós,

em toda a Sabedoria e Entendimento,

desvendando-nos o mistério da sua Vontade,

segundo o seu Propósito

que propusera em Cristo,

de fazer convergir nele,

na dispensação da plenitude dos Tempos,

todas as coisas,

tanto as do Céu como as da Terra ( ... )»

Carta de São Paulo aos Efésios  1 : 10

A Bíblia O LIVRO

    Vejo e leio por vezes referências a esta Versão da Bíblia em português como sendo uma "paráfrase".
    O Texto bíblico de O LIVRO   não é uma paráfrase.
   
    Foi elaborado, é certo, a partir da "Living Bible"  dos USA.  Esta sim, assumidamente uma paráfrase a partir da "King James" da responsabilidade de Ken Taylor, que faleceu em 2005 ( com 88 anos ).
    O Texto bíblico, o Novo Testamento,  editado em Portugal sob o título de O LIVRO, pela Europa-América em 1981 e a Bíblia completa,  Velho e Novo Testamento, em 1999 pela Sociedade Bíblica de Portugal,  foi redigido num português atual ( numa "tradução dinâmica" ), é certo, mas com o máximo cuidado em se manter fielmente próximo do sentido original,  tanto quanto ao hebraico como ao grego.   Sem preocupação de seguir de perto o texto ingês.

    Na redação do Texto foi-me permitida uma larga autonomia.  E esse trabalho foi acompanhada por técnicos da Editora Norte-Americana (  Linving Bible International ) e também por outras pessoas, evangélicas, de reconhecida competência bíblica.

    A Bíblia O LIVRO  teve enorme sucesso.  É de lamentar que a Editora sueca proprietária dos direitos editoriais,  pelo que me consta,  se tenha desinteressado da sua re-publicação.
    Será que a Sociedade Bíblica de Portugal não teria condições para o fazer ?

Tempos de excessos !

    Muitos nos damos conta de que os tempos que vivemos são de excessos !
    São tempos exorbitantes !
    E o que nos deixa bastante perplexos é que o são em vários domínios, aparentemente muitos deles,  sem interconexão.
    Isto apesar do espetacular progresso tecnológico,  e na cura de doenças.  E na educação de massas.

    Vemos excessos quanto a Violência;   em comportamentos isolados de perversidade, se não mesmo de demência mental.
    Vemos excessos quanto a Violência fanática, mais Terrorismo,  com raízes religiosas,  que atinge limites infernais.
    Vemos excessos em decisões políticas,  aqui e ali,  reforçando poderes de hegemonia pessoal uns, de ditadura, anti-democráticos,  outros.
    Vemos excessos quanto ao repúdio do "ocidentalismo civilizacional"  de que o anti-Cristianismo, por vezes feroz, é uma dramática expressão.
    Vemos excessos até na Natureza,  com picos climatológicos assustadores. Até em fenómenos naturais.
    Vemos excessos mesmo no mundo da Economia e das Finanças,  com desiquilíbrios e dinâmicas excêntricas e nocivas,  sem controlo aparente.
    Vemos excessos nos comportamentos correntes,  com a prevalência do individualismo,  do egocentrismo,  da busca do prazer,  da auto-satisfação imediata,  e opostos à Cooperação,  e ao Bem comum.
    Vemos excessos na sexualidade, na relação entre sexos, na Procriação,  na formação da Família.  No respeito pela vida.   ( E no próprio uso da linguagem ... )
    Vemos excessos até    -  calcule-se !  -  nas afirmações do chefe da Igreja Católica Romana,  o Papa.  Algumas imperdoáveis.  Mas que são expressão da evolução  ( ou da involução ) no mundo dos Valores !

    E isto é uma mera menção pessoal que aqui registo.   Sem cuidados em  -  nem meios de poder  -  referir tudo ... !

    Preocupante !
    Alertante !

«Isto porém vos digo,  irmãos,

que o tempo se abrevia ( ... )

Os que se utilizam do mundo

( sejam ) como se dele não usassem ...»

1ª Carta de São Paulo aos Coríntios 7 : 29, 31.

    Consola-nos que a Igreja de Cristo faz também progressos na condução de almas a Cristo !

 

10 de agosto

     Hoje,
    é um dia especial.
    Para nós dois.

 

«A Bênção do Senhor

enriquece !

O nosso esforço

nada lhe altera !»

Provérbios 10 : 20   (  Versão O LIVRO )

Protestantes

    Acabo de ler um pequeno livro ( tradução do alemão ) no qual o autor,  a propósito de Martinho Lutero,  se refere com frequência -  num espírito de diálogo  -  aos "evangélicos".

    Regista-se a atitude "ecumenicamente afável" deste autor ( um sacerdote católico alemão ) que aparentemente não quer  -  ao que me parece  -  ferir a susceptibilidade dos cristãos protestantes evitando chamar-lhes isso mesmo, "protestantes", e referindo-se a eles sempre como "evangélicos",  e às igrejas, "evangélicas".   (  Fica contudo a dúvida se não é uma opção do tradutor e não do original alemão ).

    Isto fez-me pensar  -  o que sempre pensei e disse  -  que nós, cristãos, fruto cultural e histórico da Reforma religiosa do século XVI,  somos assumidamente PROTESTANTES.

    A Reforma,  partindo de contextos da Igreja de Roma,  e com géneses várias,  já no séc. XIV,  em vários pontos da Europa Central,  culturalmente evoluída,  foi uma Reforma Protestante !

    Os Evangélicos afirmam-se como protestando face ao que ofende e atenta contra a Honra e a Glória de Deus, e a sua Palavra;  e contra tudo o que é o Pecado.  A isso dizem frontalmente Não !

   

« ( ... ) Porém se obstinaram,

e se rebelaram contra ti,

e lançaram a tua lei para trás das costas,

e mataram os teus Profetas

que protestavam contra eles

para que voltassem para ti !

Por isso os entregaste

na mão dos seus adversários ( ... )

Mas no tempo da sua angústia,

clamando a ti,

desde os Céus os ouviste ... ! »

Neemias 9 : 26, 27

Os   «5 SOLAS»   da Reforma são, na sua raiz, e implicitamente, cinco grande afirmações protestantes !

 É essa a nossa identidade cultural.

 A nossa identidade espiritual, essa é a de "filhos de Deus",  "cidadãos do Céu", remidos por Cristo !

 

A Ponte

 

    Assistimos à construção das duas.

    A de cima faz hoje meio século.

    Ambas são das mais bonitas que vimos nas nossas viagens pela  Europa;  e encenam, enquadram,  Lisboa de uma forma que não encontrámos igual !

    Gosto do Algarve, a terra onde vivemos.

    Gosto do Minho, a terra do meu Pai;  e da Figueira da Foz, a Cidade da minha Mãe ! 

    Gosto de Marrocos, a terra onde nasceu a Henriette.

    Bonitas terras !

    Mas sou alfacinha.  Lisboa é a Cidade onde nasci e que aprendi a conhecer bairro a bairro,  rua a rua !   Dela saí só para fazermos a Escola Bíblica de Genebra, casarmos,  e depois ensinar na Suíça, onde nasceu a Ana Cristina.

 « ( ... )  Não temas, porque eu te remi.

Chamei-te pelo teu nome.

Tu és meu.

Quando passares pelas águas,

eu serei contigo;

quando pelos rios,

eles não te submergirão ... !»

Isaías 43 : 2

A "IRA" d Deus

    A "ira" é um estado de espírito,  um comportamento mental  (  que expressa em geral por comportamentos e expressões verbais extremos  )  suscitado contra quem nos contraria,  nos injuria,  nos ofende de modo grave.
    É sinónimo de raiva,  de fúria;  e de cólera,  um impulso interior desordenado,  fruto de uma ofensa.

    Ora João Ferreira de Almeida entre outros e revisores do Texto bíblico em português achou por bem usar esse termo  -  IRA  -  aplicado a Deus quando está exercendo a sua Justiça, a sua Severidade.  Noutra línguas europeias os Tradutores usaram termos idênticos a esse :  "wrath",  "colère",  etc.

    Sempre me feriu o uso deste vocábulo aplicado ao nosso Deus,  qua amamos.   E hoje, na maturidade,  ainda mais !
     O meu conhecimento do hebraico,  e mesmo do grego,  é insuficiente para refletir sobre o conteúdo semântico desse termo nas línguas bíblicas originais;  (  orghs,  órguês = ira [ ? ] ).
     Mas repugna-me sim o aplicar ao Senhor, um conceito que -  em portugês pelo menos  -  tem tudo a ver com o pecado,  com reações humanas fruto do pecado que as estimula.

    É possível  -  tem de ser possível  -  em cada versículo onde esse vocábulo aparece,  usar de metástases,  de contornos semânticos que sejam ofensivos da Dignidade e da Santidade de Deus,  ainda que expressando com clareza e com firmeza o seu rigor, a sus severidade, a sua intransigência para com o mal, para com o pecado;  e contra tudo o que O ofende !
     Aliás consultando diversas versões em linguagem atualizada, verifico que se evitou,  e bem,  esse sentido impróprio do Nome de Deus.

« ... a vossa esperança está no

regresso dos Céus

do Filho de Deus  -  Jesus,

a quem o Pai

ressuscitou da morte.

Foi ele quem vos livrou do

julgamento*  futuro.»

!ª Carta aos Tessalonicenses,  1 : 10  (  Versão O OLIVRO )

*  A versão de J. F. de Almeida tem  « ... da ira futura ».  A opção de O LIVRO poderia ter redigido o texto assim : « ... do severo Julgamento futuro »  por exemplo.    Mas mesmo essa adjetivação poderia ter sido polémica,  porque o Julgamento divino nunca pode ser naturalmente menos do que severo.

    Mas não é com ira,  nem com cólera  -  no meu entender  -  que Deus julga.  É com rigor e santidade.  E com Poder !

    N.B.  Naturalmente que aceitarei,  com a humildade a que me conforma a Fé cristã,  a opinião devidamente fundamentada do quem desejar contestar-me.

Pai

«A ninguém na Terra chamem vosso pai;

porque um só é o vosso Pai,

o qual está nos Céus.»

Mateus 23 : 9

    Quando leio esta afirmação do Senhor Jesus Cristo nas Escrituras ocorre-me de imediato o apelativo de "padre" com que são tratados os sacerdotes católicos-romanos.

    E continuo a achar,  como muitos aliás,  que esta forma de tratamento é imprópria,  em termos da Norma da Palavra de Deus !

«Pai nosso que estás no Céu,

santificado seja o teu Nome !

( ... )»