A "IRA" d Deus
A "ira" é um estado de espírito, um comportamento mental ( que expressa em geral por comportamentos e expressões verbais extremos ) suscitado contra quem nos contraria, nos injuria, nos ofende de modo grave.
É sinónimo de raiva, de fúria; e de cólera, um impulso interior desordenado, fruto de uma ofensa.
Ora João Ferreira de Almeida entre outros e revisores do Texto bíblico em português achou por bem usar esse termo - IRA - aplicado a Deus quando está exercendo a sua Justiça, a sua Severidade. Noutra línguas europeias os Tradutores usaram termos idênticos a esse : "wrath", "colère", etc.
Sempre me feriu o uso deste vocábulo aplicado ao nosso Deus, qua amamos. E hoje, na maturidade, ainda mais !
O meu conhecimento do hebraico, e mesmo do grego, é insuficiente para refletir sobre o conteúdo semântico desse termo nas línguas bíblicas originais; ( orghs, órguês = ira [ ? ] ).
Mas repugna-me sim o aplicar ao Senhor, um conceito que - em portugês pelo menos - tem tudo a ver com o pecado, com reações humanas fruto do pecado que as estimula.
É possível - tem de ser possível - em cada versículo onde esse vocábulo aparece, usar de metástases, de contornos semânticos que sejam ofensivos da Dignidade e da Santidade de Deus, ainda que expressando com clareza e com firmeza o seu rigor, a sus severidade, a sua intransigência para com o mal, para com o pecado; e contra tudo o que O ofende !
Aliás consultando diversas versões em linguagem atualizada, verifico que se evitou, e bem, esse sentido impróprio do Nome de Deus.
« ... a vossa esperança está no
regresso dos Céus
do Filho de Deus - Jesus,
a quem o Pai
ressuscitou da morte.
Foi ele quem vos livrou do
julgamento* futuro.»
!ª Carta aos Tessalonicenses, 1 : 10 ( Versão O OLIVRO )
* A versão de J. F. de Almeida tem « ... da ira futura ». A opção de O LIVRO poderia ter redigido o texto assim : « ... do severo Julgamento futuro » por exemplo. Mas mesmo essa adjetivação poderia ter sido polémica, porque o Julgamento divino nunca pode ser naturalmente menos do que severo.
Mas não é com ira, nem com cólera - no meu entender - que Deus julga. É com rigor e santidade. E com Poder !
N.B. Naturalmente que aceitarei, com a humildade a que me conforma a Fé cristã, a opinião devidamente fundamentada do quem desejar contestar-me.
Etiquetas: Cristianismo
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