De uma ponta a outra do mundo evangélico, damo-nos conta, há uns anos
já, de que aquilo que se canta a Deus, nos Cultos, tem muitas
deficiências e lacunas.
Há exceções. Certamente. Graças a Deus.
Mas devem ser detetados esses aspetos negativos. Têm de continuar a ser assinalados.
O Povo de Deus é chamado a ser consciente desse novo estilo de louvor,
superficial, que não favorece a maturidade espiritual.
São muitos já os que, através dos anos, vão denunciando e clamando
contra essa corrente atual, pós-moderna, a qual pretende talvez
"desconstruir clichés" considerados do passado. Mas substituindo-os
por conteúdos espiritualmente inconsistentes, pobres em fundamentos
bíblicos.
As letras, os conteúdos dos cânticos avançam, por exemplo, com
imagens e com estruturas que, por ficarem sem explicitações ( em
termos semânticos, linguísticos ) acabam por parecer simples "mantras"
que as pessoas proferem, por vezes com atitudes de enlevo carismático,
mas que comunicam - esses conteúdos - uma noção vaga,
superficial, curta, daquilo em que se crê, daquilo que se pretende e
se deve afirmar ousada e fortemente, na Igreja de Deus, daqullo em que
cremos radicalmente na Igreja de Cristo.
Cantam-se e proferem-se muitas vezes conceitos que por serem vagos e
por não serem - repito - acompanhados, no seu contexto frásico, de
expressões que os clarifiquem e tornem bem definidos em relação aos
fundamentos da Fé, acabam por não se diferenciarem de doutrinas
erradas. E podem até parecer darem apoio a esses erros.
Não encontramos, ou muito raramente vemos explicito nos coros e
cânticos que nos fazem cantar nas igrejas evangélicas, mênção e gratidão
a Deus pelas inúmeras Propmessas divinas que percorrem as Escrituras, a
Bíblia.
Mais : É raro verem-se referências ao sangue de Cristo vertido na Cruz
como preço da nossa redenção ! 1ª Cor 6 : 20; 7 : 23.
É raríssimo que se louve o Senhor e Cristo pela sua Segunda Vinda.
Não vejo nunca, nesses coros e cânticos, referir o pecado, e um apelo ao arrependimento frente à Graça divina.
Não vejo louvar a Deus pela Palavra escrita que fundamenta a nossa Fé.
Não topo com referências à Vitória do crente através do Poder da Fé e do Espírito Santo.
Naquilo que canto na Igreja não quero poesia sugestiva, nem metáforas poeticas sugerindo verdades.
Não quero cantar ideias bonitas e de larga aplicação espiritual, com conceitos mal definidos e até ambíguos, de "amor" e de "paz".
Não quero alinhar com o cuidado preventivo do pensamento pós-moderno
que evita suscetibilizar os pecadores, por exemplo com referência à
perdição eterna, ou que procuram não chocar os que têm reticências
perante a Revelação escrita de Deus.
Quando louvo Deus quero fazê-lo, ainda que com pouca poesia, mas de
forma explícita, completa, integral na linguagem bíblica.
Não quero louvar com linguagens pró-emotivas, carismáticas ainda que encantadoras.
Quero louvar Deus de forma afirmativa sem receio de parecer que estou a
pregar, sem receio de afirmar às gentes do século XXI que estou
falando em termos das "Escrituras" do século I, ou dos Reformadores do
séc. XVI.
«Cantem-lhe, cantem-lhe salmos
Narrem todas as suas maravilhas !»
Salmo 105 : 2.
É urgente rever a himnologia evangélica atual.
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