sábado, 2 de julho de 2011

O dialeto de Canaã

Qualquer área do conhecimento tem a sua linguagem específica que permite definir conceitos e dados que lhe são próprios, e a partir dos quais os seus técnicos e especialistas constroem raciocínios, deduções, induções e todo o pensamento que lhe serve de arquitetura.

Até no futebol isso se passa... Embora com as devidas distâncias.

E o mesmo acontece com a linguagem religiosa, nomeadamente com o falar evangélico que muitos chamam carinhosamente o "dialeto de Canaã".

Termos como pecado, arrependimento, salvação, regeneração, santificação, louvor, o nome de Deus, etc, etc, não pertencem ao domínio lexical comum e não são familiares a quem é estranho à Fé bíblica evangélica.

O certo é que esse falar de Canaã é dificilmente metonimizado, isto é, substituido por linguagem corrente.

Até o parafraseamento é arriscado.

Traduções bíblica que pretendem verter a Palavra de Deus em "falar quotidiano", "de Hoje", ou o fazem com a máxima cautela ou vulgarizam, e fazem perder dignidade ao Texto, desvirtuando-o e por vezes falsificando-o porque usam de termos que acabam por nunca espelhar adequadamente e completamente o sentido divino. Mesmo com paráfrases e perífrases.

Procurei, posso afirmá-lo, em «O Livro», fazer, em cada frase - e sob o controlo de quem ia acompanhando o trabalho - esse quilíbrio difícil entre o sagrado e o corrente.

Há versões francesas como a "Semeur 2000" que também têm essa qualidade.

E mais uma vez afirmo que não é o conhecimento académico apurado das línguas originais por parte dos tradutores que dá qualidade ao Texto bíblico.

É o conhecimento íntimo desse Texto, a familiaridade exegética e hermenêutica com que é manipulado ao vertê-lo.

E quanto à Pregação do Evangelho não é possível fazê-la como se se falasse em casa com a família ou com os amigos no café.

Ou se dizem as coisas como são com a roupagem lexical que lhe pertence ou se fica aquém do que se pretende espiritualmente.

Então, e quem ouve ?

Se quem ouve sabe - e quer - ouvir, sem "endurecer o coração" , chega lá sem esforço.

São milhões que ouviram e creram. Sem qualquer problema cognitivo.

Para além disso essa línguagem torna-se uma dinâmica integradora que identifica universalmente a família espiritual em qualquer ponto do mundo. E isso tem um valor incalculável.

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