quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Ético ?

    Dois funcionários municipais, do Norte de Portugal, encontraram, no meio de um lixo reciclável, um envelope com 4 mil e tal euros, e entregaram-nos na Câmara a que estão ligados profissionalmente.
    Foram altamente louvados e premiados com menção honrosa por parte do Município.
    Para além disso o seu ato foi divulgado a nível nacional, e -  talvez  -  para além das fronteiras.

    Não escondo que fiquei incomodado com a notícia, aliás repetida, em canais diversos, durante dois ou três dias.
    Porque é que fiquei apreensivo ?
    Primeiro porque, curiosamente, na notícia altamente divulgada não se mencionou, pelo que ouvi, qualque agradecimento por parte do dono do envelope e do dinheiro.  Terá sido um lapso ?  Não terei ouvido bem ?  Não sei.
    Depois porque aqueles senhores funconários fizeram estritamente o seu dever.   E ser louvado por cumprir o seu dever, neste caso um dever moral, não me parece ser razão para alto louvor.
    Terá sido por ser um montante elevado... ? 
    Seja que montante for.  Poderia ter sido mencionado o gesto dos dois homens.  Mas especificando sempre que agiram segundo o que deviam, com uma consciencia bem formada. 
    E toda e qualquer pessoa deverá fazer o mesmo em circunstâncias idênticas !
    Se fosse eu a quem pertenciam os euros, procuraria mostrar o meu contentamento e gratidão recompensando, de algum modo e generosamente, os funcionários municipais.   Possivelmente isso terá sido feito.  Só que a notícia silencia esse aspeto.

    O que pode resultar da notícia dada como foi ?   
    É que se transmite a ideia que entregar o que se encontra e que não nos pertence é um ato de excecional notariedade...   E não é
    O louvor relevante com que foi assinalado o ato, bonito mas reto e normal, desses dois funcionários municipais põe tacitamente em destaque o reconhecimento de uma Sociedade corrupta, em que, por exemplo, ficar com dinheiro encontrado e que não é seu ( num envelope identificável, como foi o caso ), se aceita no fundo como um comportamento natural...

«Felizes os que guardam a retidão,
e os que praticam a justiça todo o tempo !»
   Salmo 106 : 3

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