Ético ?
Dois funcionários municipais, do Norte de Portugal, encontraram, no meio de um lixo reciclável, um envelope com 4 mil e tal euros, e entregaram-nos na Câmara a que estão ligados profissionalmente.
Foram altamente louvados e premiados com menção honrosa por parte do Município.
Para além disso o seu ato foi divulgado a nível nacional, e - talvez - para além das fronteiras.
Não escondo que fiquei incomodado com a notícia, aliás repetida, em canais diversos, durante dois ou três dias.
Porque é que fiquei apreensivo ?
Primeiro porque, curiosamente, na notícia altamente divulgada não se mencionou, pelo que ouvi, qualque agradecimento por parte do dono do envelope e do dinheiro. Terá sido um lapso ? Não terei ouvido bem ? Não sei.
Depois porque aqueles senhores funconários fizeram estritamente o seu dever. E ser louvado por cumprir o seu dever, neste caso um dever moral, não me parece ser razão para alto louvor.
Terá sido por ser um montante elevado... ?
Seja que montante for. Poderia ter sido mencionado o gesto dos dois homens. Mas especificando sempre que agiram segundo o que deviam, com uma consciencia bem formada.
E toda e qualquer pessoa deverá fazer o mesmo em circunstâncias idênticas !
Se fosse eu a quem pertenciam os euros, procuraria mostrar o meu contentamento e gratidão recompensando, de algum modo e generosamente, os funcionários municipais. Possivelmente isso terá sido feito. Só que a notícia silencia esse aspeto.
O que pode resultar da notícia dada como foi ?
É que se transmite a ideia que entregar o que se encontra e que não nos pertence é um ato de excecional notariedade... E não é !
O louvor relevante com que foi assinalado o ato, bonito mas reto e normal, desses dois funcionários municipais põe tacitamente em destaque o reconhecimento de uma Sociedade corrupta, em que, por exemplo, ficar com dinheiro encontrado e que não é seu ( num envelope identificável, como foi o caso ), se aceita no fundo como um comportamento natural...
«Felizes os que guardam a retidão,
e os que praticam a justiça todo o tempo !»
Salmo 106 : 3
Etiquetas: Ética
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