segunda-feira, 14 de março de 2011

Ainda o Carnaval

Que virtude educativa haverá no Carnaval, a ponto de promoverem a participação de crianças nesses festejos publicamente, e no ambito da Escola ?!


É certo que se julga interessante ou pelo menos inofensivo reservar uns dias no ano para folgar, fazer rir, criticar

( frequentemente com baixo nível... ).


Tendo eu sido criado num ambiente religioso evangélico, bíblico, não encontrei suportes afetivos nem racionais para brincar ao Carnaval. Mas também não me impingiram qualquer aversão primária a esse rito anual folgazão, e mesmo muitas vezes com aspetos abusivos como disse.


No tempo do Estado Novo os que se lembram sabem que qualquer crítica irónica e caricatural da ordem política não era admitida.


O Carnaval então restringia-se a alguns excessos de bisnagas de água suja na cara das pessoas, pequenos sacos de areia batidos na cabeça do vizinho, máscaras, disfarces, meninos trajados a isto e aquilo pela rua, "confetis" e fitas de papel colorido por tudo o que era sítio, etc. Não havia exposição de corpos despidos e de sensualismo.


Criei anti-corpos de aversão pessoal por incompatibilidade mental e de caráter com aquilo.


Era-me estranho. E eu não era propriamente um menino sisudo... Gostava bem da risota e da brincadeira...


Não conseguia contudo - como ainda hoje - perceber a razão da jovialidade e do prazer daquele ritual organizado, com muito de objetivos comerciais, claro, e pretensamente folgazão.


Com cenas de riso forçado porque não vem de uma alegria sã, espontânea.


Poderão dizer-me que há locais onde o Carnaval pretende ter vertentes pseudo-culturais, como Veneza, Viena, Roma, etc. Pelo que conhecemos o fundo vazio é o mesmo, a farça é a mesma...


E continuo sem discernir resposta à pergunta de início.


É claro que o Ser humano foi criado por Deus com o dom de rir.


Saber rir, gozar com o que faz rir, de forma saudável, sem sentimentos de desprezo, ou de superioridade fútil e soibranceira, sem folgar com o mal e com os acidentes infelizes, imprevistos e fortuitos que acontecem aos outros, isso é bom.


Ser feliz é também saber rir ! Rir faz bem. Eu gosto de rir. Como toda a gente.


Mas folgar e procurar afogar as agruras da vida na insensatez e no vazio, na vulgaridade, do Carnaval... Nisso não alinho.


Nem os tempos de Hoje se coadunam com esse ritual absurdo.



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