Li um pensamento interessante num lvro de Hannah Arendt ( "A Promessa da Política", uma tradução recente, que acabei de ler ),pensadora alemã, 1906-1975, faleceu nos USA, e não quero deixar de o registar aqui.
E é ao mesmo tempo uma forma de não esquecer o óbvio, o que marcou a história da Igreja Cristã:
«A religião ( pagã ) romana tornou um dever sagrado preservar o que fora outrora transmitido pelos antepassados, os "maiores". A Tradição tornou-se, portanto, sagrada e não só permeou a República Romana, como sobreviveu também à sua transformação em Império Romano (...)
A Religião e a Tradição tornavam-se assim inseparáveis umas das outras (...)
Mas a potência máxima do espírito romano...só depois da queda do Império Romano se revalaria, quando a nova Igreja Cristã se tornou profundamente romana, e reinterpretou a Ressurreição de Cristo como base a partir da qual deveria ser fundada uma outra Instituição perene. Com a repetição da "fundação de Roma" através da fundação da Igreja Católica a grande trindade política romana de Religião, Tradição e Autoridade pôde ser transposta para a era cristã(...)
A Igreja Cristã, como Instituição pública que herdou a conceção política romana da Religião, acabou por ser capaz de prevalecer sobre a tendência anti-institucional fortíssima do credo cristão, tão manifestamente prresente no Novo Testamento. ( O sublinhado é meu ) (...)
A sua pedra basilar tornou-se desde então não a simples Fé cristã...mas antes a prestação do testemunho ( auctoritas ) do qual retira a sua autoridade enquanto aquele vai sendo transmitido ( tradere ) como Tradição de geração em geração.
Foi porque a Igreja no seu papel de nova proteção do Império Romano, manteve intacta a trindade essencialmente romana de Religião, Autoridade e Tradição que pôde mais tarde tornar-se herdeira de Roma(...)
E que esta fórmula romana tenha permanecido durante a Idade-Média talvez tenha sido o maior triunfo do espírito do Império Romano.(...)
...rutura operada mais tarde pela Reforma Protestante, que atingia assim o essencial da autoridade institucionalizada... ( pgs 46/47, ed. Antropos/Relógio D'Água, 2007 )
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