O encanto da Realidade
Disfruto, das varandas no nosso Apartamento, de panorâmicas, ou melhor, de cenários que me prendem a atenção.
Sobretudo de uma das varandas, o mundo físico urbano abre-nos diante
dos olhos uma sucessão de prédios modernos, e, curiosamente, em
anfiteatro.
Parece prosaico, vulgar ... Prédio a seguir a prédio ...
Não. Não é.
Virada ao sul, acontece que quando, depois de me levantar, levanto os
estores fico frequentemente cativo - tenho tempo para isso ... -
do quadro vivo que me é proposto.
Os contrastes mesmo em tempo encoberto, com céu nublado, as
diferentes tonalidades de brancos jogando com outras cores suaves, a
luz - sempre a luz - que cai do céu, umas vezes com, outras sem
nuvens, como colcha de fantasia que faz sobressair o relevo dos
edifícios, e das coisas, tudo isso me deixa com pena de vir para
dentro.
Mas o que me prende é que todos os dias, é diferente, aquela música
de formas, de tonalidades, de contrastes de sombra e de luz.
Mas esse cenário sinfónico de cada dia acontece igualmente noutros
lados, com composições diversas, feitas da vida real, do mundo da
vivência física.
E fico grato a Deus.
Porquê ?
Porque criou o Mundo e a Vida com contingências, com
inter-dependências e inter-ações que não permitem que todos os dias a
Realidade nos esmague com a solidão da rotina, com o cansaço soturno do
que é constante.
A Vida é uma partitura imensa.
Só por grande distração não deixamos que os sentidos apreendam e
disfrutem desse grande ato concertante que é o Mundo real dia a dia,
noite após noite.
Se a Vida é uma sucessão cinzenta de sempre-o-mesmo, a culpa não é da
própria Vida, nem do Criador. É nossa. Que estamos dessensibilizados.
E o melhor, passa por cima de nós, que nos vamos arrastando, muitas vezes, a olharmos só para o chão ...
Etiquetas: Cultura
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