O Artista e a Vida
Para eles, muitas vezes, ( nem sempre... ) aquilo que somos é uma tragédia. Porque é um torvelinho de conflitos, é um complexo de forças, de vontades, de apelos, de ruínas...
É frequentemente esse, o mundo dos Artistas, sobretudo nos tempos modernos, em que a expressão artística se racionalizou com a reflexão filosófica. E porque, naturalmente, o universo dos Artistas também é feito de repúdio, ou da inépcia para considerar a racionalidade de Deus, a Harmonia e a Perfeição de Deus. E a Salvação de Deus.
A Música é quantas vezes ( sobretudo nos tempos modernos ) um eco dessa tragédia interior. Daí que acabe por ser uma "estética do ruído". Uma expressão do Vazio. A desconstrução da Harmonia. Há até que pretenda, em certos casos, reproduzir o barulho do mundo industrial... Como, por exemplo, com Schoenberg.
Na Literatura, já Eça de Queiroz - ainda que um realista/romântico - fazia dois dos personagens centrais dos Maias, no final do romance, simbolicamente, correrem para apanhar um "transporte" que lhes escapa...!
A Pintura expressa frequentemente, Hoje, a convulsão desse mundo "desatinado", em que a Pessoa não se encontra a si própria, e que sofre através do intempestivo das cores e das formas.
José Régio falava do "eterno sofrimento dos Homens" ... ! E antes de morrer escreveu este desabafo dramático ( que aliás me levou a esta curta reflexão pessoal ) :
«Parto mas cantando. Meu mundo inimigo,
mesmo que me expulses, ficarei contigo»
E contudo lemos na Bíblia Deus dizendo a Job ( 35 : 13 e 14 ) :
«Só gritos vazios Deus não ouvirá, nem atentará para eles o Todo-Poderoso.
Job, ainda que digas que não o vês, a tua Causa está diante dele !
Por isso, espera nele.»
Muitos grandes Artistas gritaram significativamente a Deus.
E esperaram nele.
Etiquetas: Cultura
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