Religião para Ateus
Há muitos ateus que estão conscientes da secura e da frieza da sua postura negativa de repúdio de Deus, e que isso não traz, naturalmente, qualquer impacto benéfico nem para a Sociedade nem para o comportamente dos indivíduos.
Aparece assim uma corrente no Ateísmo, que o filósofo francês Auguste Comte, do séc. XIX, já expressou em escritos seus, que pretende colmatar essa vazio ideológico com características do Cristianismo. E até do Judaísmo.
Li agora um livro, recente, que explora a temática de pretenderem, os ateus, ter uma "religião" adequada às ideias deles. O livro tem o título de «Religião Para Ateus», é uma tradução da Don Quixote, 2011 e o seu autor tem o nome de Alain de Botton.
Vão então buscar às religiões, nomeadamente à religião cristã aspetos específicos da vivência da Igreja e assumem-nos como forma de vida, de estar no mundo. Mas sempre como ateus.
Alguns dos referidos aspetos são a coesão gregária, a potencialidade dos sentimentos que se geram, tais como o Amor, a Compaixão, o Perdão, a Solidariedade e o Socorro, a Alegria; a virtude da combatividade moral e a Moral que dá identidade aos crentes, o sentido superior da Justiça, e da Educação; e a Instrução como formação do Ser humano e não apenas o gerar cidadãos instruídos; a pujança da Arte que a Fé inspira !
Tantos e tantos são os benefícios humanos, sociais, culturais e sbretudo espirituais que jorram do Cristianismo e da Fé evangélica.
Só que...
Só que os ateus militantes gostariam, é verdade, de ver essas Força atuando nos seus grupos e através deles na Sociedade contrapondo-os à tal rudeza a que me referi no início, fazendo quase do ateísmo uma outra religião... Mas extraindo dessas Forças o sentido do divino, a presença de Deus, o amor a Deus, o apelo da eternidade !
Impossível !
Ernest Renan, historiador francês do séc. XIX ( 1823 - 1898 ) foi outro que se iludiu com esse desideratum, de importar Valores cristãos. Ele largou a carreira de estudos teológicos e dedicou-se à pesquiza religiosa, exaltando Cristo como Figura humana. Dele disse alguém ( in «Revelações Do Séc III» ) "Renan deu à sua geração aquilo de que ela precisava, bonbons com gosto de infinito... ou seja, religião sem mandamentos divinos, sem Deus e sem Bíblia, sem Céu nem Inferno, só com o tal delicado e indefinido sabor a infinito que a muitos fascina. Pobres todlos!"
Amar os outros, deixando Deus de fora ? Cultivar a comunhão comunitária, vencer o individualismo, o egoísmo, o orgulho, o medo, mas convidando Deus a não se intrometer ? Educando, e fazendo Moral, e ao mesmo tempo proibindo que Deus nem mencionado seja ? Fazendo Arte mas rindo-se de Deus ?
Que estupidez !
Onde se vão buscar então essas Potencialidades que se julga poder descolar e pedir emprestadas à religião e à Fé cristã ? Em si mesmos ?
Só convicções espirituais genuinas podem acionar as vivências de raiz divina.
Pretender viver bem, só é possível com uma Vida regenerada por Deus.
Querer viver como filhos de Deus mas cultivando na alma uma identidade pagã é um louco contrasenso. ( Lembra um símio a querer viver como um Ser humano... )
«Diz o insensato no seu coração, "Não há Deus !"». Salmos 14 e 53.
Etiquetas: Ateísmo
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