Portugal e a Reforma
Porque é que Portugal ficou afastado da dinâmica cultural e civilizacional do Movimento da Reforma do séc. XVI ?
Um pqueno livro, recente, de um senhor Professor Miguel Real, aflora essa questão, de passagem.
O livro em si ( quase 150 pgs, "A Vocação Histórica de Portugal" ) não
me deixou muito entusiasmado quanto ao conteúdo : um diagnóstico, com
traços bem observados, daquilo que o autor chama o sonambulismo de
Portugal de Hoje imerso no individualismo, no desinteresse por Valores
básicos, na fanatismo supersticioso ( que ele aplica a Fátima ), tudo
isso num contexto de uma política que é - segundo ele - apenas jogo
de interesses pessoais, contexto esse agravado agora por uma crise
histórica, económica e financeira.
A solução para ele estaria na lusofonia, como enquadramento para um renascer cultural.
Não subscrevo algumas perspectivas do autor, nem esse mito redentor da lusofonia, que me parece de um idealismo utópico.
Mas em dado momento o Prof. Miguel Real lembra que Portugal no séc.
XVII regrediu abrutamente, saindo do brilhantismo das Navegações
quinhentistas, dos empreendimentos culturais - artísticos, literários
- do século anterior.
A dependência da coroa de Castela, em que o rei de Espanha era também rei de Portugal, contribuiu para isso.
Mas houve mais. O absolutismo concentracionário da monarquia depois de
1640, e sobretudo o oco engordamento da Igreja romana ( 200 000 frades
para 3 milhões de portugueses ) cristalizando-se e enclausurando-se na
Inquisição vesga, violenta e insana.
A Reforma, com a sua dinâmica impulsionadora e renovadora, não podia
encontrar eco num paiz doente, debilitado. Não havia oxigénio cultural
num envolvimento asfixiante, e poluiído, como esse.
Antero de Quental desenvolveu esta vertente lucidamente.
E fica-se a sonhar...
Como teria sido se...?
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