sexta-feira, 18 de maio de 2012

Portugal e a Reforma

 

    Porque é que Portugal ficou afastado da dinâmica cultural e civilizacional do Movimento da Reforma do séc. XVI ?

    Um pqueno livro, recente, de um senhor Professor Miguel Real, aflora essa questão, de passagem.

    O livro em si ( quase 150 pgs, "A Vocação Histórica de Portugal" ) não me deixou muito entusiasmado quanto ao conteúdo : um diagnóstico, com traços bem observados, daquilo que o autor chama o sonambulismo de Portugal de Hoje imerso no individualismo, no desinteresse por Valores básicos, na fanatismo supersticioso ( que ele aplica a Fátima ), tudo isso num contexto de uma política que é  -  segundo ele  -  apenas jogo de interesses pessoais, contexto esse agravado agora por uma crise histórica, económica e financeira.

    A solução para ele estaria na lusofonia, como enquadramento para um renascer cultural.

    Não subscrevo algumas perspectivas do autor, nem esse mito redentor da lusofonia, que me parece de um idealismo utópico.

    Mas em dado momento o Prof. Miguel Real lembra que Portugal no séc. XVII regrediu abrutamente, saindo do brilhantismo das Navegações quinhentistas, dos empreendimentos culturais  -  artísticos, literários  -  do século anterior.

    A dependência da coroa de Castela, em que o rei de Espanha era também rei de Portugal, contribuiu para isso.

    Mas houve mais.  O absolutismo concentracionário da monarquia depois de 1640, e sobretudo o oco engordamento da Igreja romana ( 200 000 frades para 3 milhões de portugueses ) cristalizando-se e enclausurando-se na Inquisição vesga, violenta e insana.

    A Reforma, com a sua dinâmica impulsionadora e renovadora, não podia encontrar eco num paiz doente, debilitado.  Não havia oxigénio cultural num envolvimento asfixiante, e poluiído, como esse.

    Antero de Quental desenvolveu esta vertente lucidamente.

    E fica-se a sonhar... 

    Como teria sido se...?

0 Comentários:

Enviar um comentário

Subscrever Enviar feedback [Atom]

<< Página inicial