segunda-feira, 28 de abril de 2014

Remissão / Remição, de novo

Remissão e Remição

    O vocábulo Remissão aparece nas nossas Bíblias, em português.  Mas com conteúdos semânticos não correspondentes ao sentido etimológico/hermenêutico. 

     E é importante.  

     Contudo pouca gente é sensível à diferenciação que deve ser feita entre os dois : Remissão e Remição. 

     Tanto em terras lusas como nos horizontes brasileiros !  Estes com mais responsabilidades em domínios linguísticos hermenêuticos como estes, porque são eles os grandes editores das Bíblias em português.

     REMISSÃO : É perdoar, dar-se como pago, devolver, restituir.  É desistir. É a concretização de uma remessa ou envio.  É o acto de encaminhar. Contém a ideia de transferir. Etc.
     É um acto gratuito que não envolve a necessidade de um pagamento, de quitação , de retribuição, mas sim de indulgência, esquecimento, generosidade.  É perdoar, por exemplo, uma dívida, isentando o devedor de ter de a pagar.

     É o que se passava, por exemplo, com o "Ano de Remissão", o Sétimo ano, de que se fala no Livro de Deuteronómio 15 : 1, 2 e 9.

     REMIÇÃO : É também perdoar, mas através de um pagamento.  É a aquisição onerosa de um direito para se alcançar uma desobrigação.

     Por exemplo : Muitos dos vencidos de Alcácer Quibir lograram a remição do cativeiro pela entrega de avultadas somas exigidas pelos mouros. Foi um perdão sim, mas a custo de um pagamento substancial !

     Em linguagem jurídica, remição de renda vitalícia ou renda perpétua é a satisfação de uma só vez do capital correspondente.  Pago o capital é passado um "Auto de Remição".

     Estas diferenciações podem depreender-se facilmente das diversas acepções de uma e de outra entrada, que encontramos no Dicionário da Academia das Ciências.  Que é um dicionário normativo, claro. Aí, como nos outros Dicionários, podem encontrar-se as raízes etimológicas de cada termo

     Fui alertado para este problema linguístico já há anos, por um artigo no periódico protestante "Portugal    Evangélico".   Eu próprio tenho procurado fazer conhecido este problema linguístico/hermenêutico mas com pouca reacção apadrinhadora.

     Ora acontece que é «remição»  o termo que deveríamos encontrar em passagens bíblicas importantes como

     Romanos 3 : 25 -«...Cristo Jesus, ao qual Deus propôs para propiciação pela Fé no seu sangue, para demonstrar a sua Justiça pela remição ( não : remissão ) dos pecados...».

     Em Hebreus 9 : 22 - «...sem derramamento de sangue não há remição ( não é : remissão )».

    
E em Colos. 1 : 14  -  Cristo «...em quem temos a redenção pelo seu sangue, a remição dos pecados».

    
Etc.


     É grave que se continue com soberana indiferença a escrever errado  -  tanto nas Bíblias como noutras páginas  -  um conceito que toda a gente respeita, sim senhor, mas que se vai transcrevendo graficamente, na escrita, falseado, adulterado !  Estes qualificativos não são empolados. Não há outra forma de dizer as coisas ! 

     Escreve-se "remissão" mas pensa-se, fielmente, evangelicamente, em "remição"... !

     É inadmissível.

     Julgo mesmo adivinhar algumas reacções deste estilo : «Para quê estar a fazer questão de "ss" ou de "ç" !  Não querem ambos dizer "perdão" ? Então há coisas "mais importantes" em que me ocupar... !»

     Objecções destas classificam-se a si próprias...

     Foi uma remição dos nossos pecados que Cristo satisfez  perante a Justiça de Deus.  Não foi uma "remissão", uma mera quitação ou indulgência.

     Ele pagou na Cruz, o preço que nos desobriga da nossa culpa perante Deus.

     Desde que nos arrependamos e peçamos perdão a Deus !

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