domingo, 27 de abril de 2014

Remição / Remissão

Uma questão bíblico-linguística que merece atenção :

a alternativa semântica entre REMISSÃO e  REMIÇÃO

            No normativo Dicionário da Academia das Ciências de Lisboa vemos :

Remissão :        Acção de perdoar.
                          Clemência, misericórdia, concedida a uma falta, um pecado.
                          Acção de adiar, de diferir.

Remição :        Acção de remir, ou remir-se.
                         Processo de readquirir alguma coisa.
                         Libertação do cativeiro, da submissão a um poder alheio, ( resgate ).
                         Compensação devida por danos ou prejuízos causados. ( Indemnização, reparação ).
                         Processo de se libertar, ou de libertar alguém de uma dívida mediante o seu pagamento.
                         ( Rel. ) Perdão de faltas, pecados crimes, através da expiação.


            Há Versões Bíblicas que fogem de certo modo à questão e põem por exemplo : "perdão de pecados", em lugar de remição : Isso acontece com a Boa Nova, com a dos Capuchinhos, e com a NVI. A expressão "perdão dos pecados" não expressa obviamente toda a carga semântica e teológica de "remição" ( '´afesis”, no grego ). 
  
            Será de notar que haverá conceitos na Bíblia que poderão ser expressos por "remissão".   A questão fulcral é que "remição" implica a existência de um pagamento, implica a "aquisição onerosa de um direito para se alcançar uma desobrigação", como escreve alguém que se debruçou sobre o assunto ( e cujo texto posso enviar em fotocópia, via postal, se desejarem : «Muitos dos vencidos de Alcácer Quibir lograram a remição ( não “remissão” ) do cativeiro mercê da entrega de avultadas somas exigidas pelos mouros (... )». 

            Remição é pois um conceito com forte carga jurídica ( que remissão não tem ). E o que se passou na Cruz do Calvário foi basicamente um acto de profundo significado jurídico de perspectiva divina.  O preço do perdão e da Salvação, exigida pela divina Justiça, foi pago, ( e de que maneira ! ) pelo nosso Amado Salvador.  Não se tratou apenas de um mero perdão de pecados, de esquecimento, fruto de clemência divina. 

            O serviço linguístico CIBERDÚVIDAS, deu já há tempos, uma resposta que pode consultar-se aqui.
            Quando nesse esclarecimento o especialista linguísta lança como exemplo a frase : «Sem  confissão não há remissão de pecados» , está a referir-se a um texto de Antero de Quental, e será, muito provavelmente, uma corrupção de  -  como bem sabe  -Hebreus 9 : 22 - «Sem derramamento de sangue não  há remissão (  melhor : remição ) de pecados ».

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