Portugal, um País católico romano ?

Não. Hoje, já não é.
Nem pela sua Constituição. Nem pela realidade social.
Portugal é um país laico.
Ao afirmá-lo sou consciente de que o passado histórico de Portugal está repleto de conivências e de sujeições à igreja cristã com sede em Roma.
Com certeza.
A Reforma Protestante não vingou entre nós. Antero de Quental bem o expõe na sua Conferência do Casino : A Sociedade portuguesa arrastou marcas de "feudalismo" até muito tarde.
Depois, a presença artística e arquitetónica inspirada na ICR marca a Cultura portuguesa. Sem dúvida.
Mas hoje, Portugal é laico.
Houve uma República. Houve certamente Salazar, favoravelmente tolerante em relação ao Catolicismo. Mas houve o "25 de abril".
Contudo ser laico não quer dizer que seja anti-reigioso ou anti-cristão.
Laicismo é Liberdade religiosa. E essa temo-la. Graças a Deus.
Falseiam os dados sociológicos e culturais aqueles, governantes ou não, que atuam ofendendo o Laicismo da Nação portuguesa.
Ofendem-no quando convidam para uma presença honrosa exclusivamente entidades católicas em cerimónias cívicas, nacionais. ( Tal como no tempo de Salazar ).
Ofendem-no quando estabelecem e repõem feriados nacionais que celebram dados doutrinais restritos à Confissão católica romana. ( Como no tempo de Salazar ). Chega-se ao ponto de celebrar, com feriados, a "imaculada conceção da «nossa» senhora", e a "assunção" da mesma figura, passando por cima de, e ignorando a ASCENSÃO de CRISTO !!
Ofendem-no os governantes que decretam tolerância de ponto honrando o Chefe da Confissão religiosa católica romana quando visita o país para celebrar a Fátima, a qual não tem qualquer suporte bíblico nem racional ! ( Tal como no tempo de Salazar, claro ...).
Ofendem-no quando é esquecido que atualmente em Portugal os católicos romanos convictos e praticantes são uma percentagem reduzida. Mesmo em termos sociológicos e culturais a população portuguea já não é ( progressivamente desde o pós-II Guerra Mundial ) maioritariamente católica romana. Nem de longe ... ! É um desacerto grave e insensato considerar como católicos romanos toda a gente que foi batizada, quando bébés, ( apenas por costume tradicional e meio supersticioso ) por um padre.
Ofendem-no quando esquecem - deliberadamente, claro - que as correntes cristãs não-católicas ( protestantes e evangélicos, e também os não-protestantes ) vão tendo uma presença cada vez mais interveniente e considerável porque têm convicções empenhadas e atuantes.
Ofendeu-o, o Presidente da República, quando empreendeu como primeira visita de Estado, depois de eleito, ir cumprimentar veneradamente o Papa, a Roma, pondo a sua opção pessoal cultural católica como prioritária em relação ao laicismo constitucional do país.
Portugal tem de ser, deve ser, aquilo que é.
Não aquilo que alguns gostariam que ainda fosse ...
Etiquetas: Catolicismo
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