Mário Soares

    Foi, dia 10, o seu Funeral.  Um Funeral de Estado. 

    À semelhança de muita gente, e do que tem sido largamente afirmado, também consideramos Mário Soares uma Figura cimeira.  No mundo da Democracia, na nossa História, na nossa Cultura.

    Distinguiu-se sem dúvida pelos papéis que desempenhou e da influência que exerceu nas diversas conjunturas políticas que fizeram a vida portuguesa, sobretudo a partir de 1974.

   Discordámos de alguma decisões e posições que tomou; naturalmente.  Aliás também como muita gente.  Teve relações por vezes difíceis com grandes amigos seus, Salgado Zenha, Manuel Alegre; e foi duro com Cavaco Silva quando da campanha eleitoral em que concorreu, ao mesmo tempo que ele, para um segundo mandato presidencial e perdeu.  Também Eanes não teve a vida fácil com ele ...  É próprio de grandes homens ...

   Tive ocasião de trocarmos um aperto de mão, em Faro, quando fui Vereador na Câmara de Faro. 

    Achámos bonita e emotiva a frase com que João Soares  terminou a sua intervenção na Cerimónia funerária nos Jerónimos :

"Adeus, querido Pai !"

    Como Cristão, evangélico,  vejo Mário Soares forçosamente com outros olhos.

    Foi um idealista,  um lutador por Valores humanos que todos consideramos importantes,  como a Liberdade,  a Paz entre os Povos,  a Justiça Social, a Tolerância. E outros.  Certamente.

    Mas foi, e não o escondia,  um agnóstico,  um homem sem Deus.  Alguém que pensava não haver condições nem meios de se saber se há um Deus.  Ao contrário da sua Mulher, Maria de Jesus Barroso, que era uma crente; católica romana; pelo que nos consta.

    Isso deixa-nos numa certa reserva,  ainda que respeitosa.  E sobretudo por ser a Figura de relevo que foi.

    Não está  -  segundo a Palavra de Deus  -  na Presença do Senhor do Universo.    Lamentavelmente.

    Não sabemos,  só Deus o sabe, se próximo do seu falecimento, alguma vez terá afirmado ou pensado, na base do que Cristo fez por ele na Cruz, em Jerusalém :

« ( ... ) O Senhor me levará salvo

para o seu Reino celestial.»

2ª Carta de Paulo a Timóteo 4 : 18.